sábado, 9 de fevereiro de 2008

Desventuras em série - Parte 2


Esses acontecimentos ocorreram entre 13:00 e 14:00h

Pã Pã Pã [(imaginem o barulho do relógio de 24 Horas) sejam criativos]

- Oi , diz o homem desconhecido.

- Oi , digo eu ao homem desconhecido.

- É, você sabe me dizer para onde vai este trem? (como assim, entra no trem e não sabe pra onde ele vai).

- Ele vai até Julio Prestes , e aponto a placa que estava escrito o destino final do trem).

- Hum...você pega sempre esse trem? (xaveco velho).

- Não, eu pego só de vez em quando, quase nunca. (e eu caio).

- Ah sim...Você mora onde? (alguém está percebendo o que estava acontecendo?).

- Eu moro em Londrina, mas nasci aqui. (isso é hora de esticar conversa).

- Ah é...tenho amigos de lá. (deve ser por causa da Friends).

- Legal.

- O que você faz lá?

- Eu faço faculdade.

-Ah é, cursa o quê?

- Letras (resposta errada, muito errada, aliás alguém já percebeu o que estava acontecendo, ou só o mané que estava sentado ao lado do homem misterioso que não percebia o óbvio).

- Nossa...(mas foi um grito estridente, lembrou algumas amigas minhas)...tenho uns amigos meus que fazem Letras aqui em São Paulo (e daí, eu moro em Londrina).

- Hum...(depois de tanta conversa comecei a perceber que tinha algo estranho no ar, e no cara também, ele estava chegando muito perto para conversar).

- Sim, eles estão no último ano.

- Eu também. (Juro que tal resposta foi instintiva, eu sempre fico feliz em falar para as pessoas que estou no último ano, esses dias eu falei para um mendigo).

- Nossa...que coincidência (sorrisinho maroto por parte do homem), (desespero por minha parte) , (sorriso malvado da mulher sentada à nossa frente).

- O que você está lendo? , continua o homem misterioso. (para mim, para os outros ele não tinha nenhum segredo).

- Trinta anos de mim mesmo do Millôr Fernandes (aliás recomendo).

- É seu?

- Não, de uma amiga (ah...bicho burro, porque não falou namorada, inventa caramba, não percebeu o que o cara tá querendo).

- Ah...de uma amiga (sorriso maroto), namorada? (sorriso marotíssimo).

- Não só amiga mesmo (nessa hora percebi que a verdade sai fácil de mim, mesmo em um momento crítico).

- Hum...Ai! (o mesmo ai de alguns parágrafos acima) tenho que descer aqui. (uai o cara no início da conversa não sabia nem onde estava).

- Ah legal ... prazer em conhecer (educação foi a mamãe que deu né, porque não se despede como homem tipo assim: Falou irmão,truta forte, a gente se vê nas quebrada da vida).

- Aliás não perguntei seu nome. (o homem misterioso, agora se mostrava sem segredos).

- Xapadão.

- Hum...bonito nome...(tá bom, tão comum)... já disseram que você é um gatinho (além de tudo cego).

Sorriso da minha parte (da onde surgiu aquele sorriso, ele não foi maroto, foi de vergonha pois a mulher na frente ouviu aquele gatinho, e toda a conversa também).

- Obrigado, digo eu já com vontade de sair correndo.

- Olha...fica com esse folhetinho (ele pega uma caneta e anota algo no verso), atrás tem meu telefone tá gatinho.Tchau. E foi um prazer te conhecer.

Nesse momento eu estava suando mais que uma pessoa perdida no deserto do Saará (nossa). Olho para os lados, vejo que todo o vagão estava me olhando, a mulher à minha frente já tinha até abaixado a cabeça para rir baixinho.

Nesse momento pego o papel e amasso para jogá-lo na linha de trem ,mas, vem um pensamento, o que a natureza tem a ver com isso (eu pensei isso, a mulher que me olhava pensou outra coisa, algo como: A bicha se arrependeu).

Aí veio a questão, o papel, o que faço com ele, jogar na linha de trem, sempre foi contra meus princípios maltratar a natureza, mas se eu o guardasse todos iam confirmar algo que não sou.

Ser ou não ser, eis a questão! (Shakespeare apareceu naquele momento).

Jogar ou não jogar o papel, eis a questão! - penso.

Resolvi não jogá-lo (então tá com ele até agora).

Não, joguei logo que desci na estação (tá bom).

Moral da história : Se der moral, você pode levar pau
(no bom sentido, se houver algum)