
Esses acontecimentos ocorreram entre 13:00 e 14:00h
Pã Pã Pã [(imaginem o barulho do relógio de 24 Horas) sejam criativos]
- Oi , diz o homem desconhecido.
- Oi , digo eu ao homem desconhecido.
- É, você sabe me dizer para onde vai este trem? (como assim, entra no trem e não sabe pra onde ele vai).
- Ele vai até Julio Prestes , e aponto a placa que estava escrito o destino final do trem).
- Hum...você pega sempre esse trem? (xaveco velho).
- Não, eu pego só de vez em quando, quase nunca. (e eu caio).
- Ah sim...Você mora onde? (alguém está percebendo o que estava acontecendo?).
- Eu moro em Londrina, mas nasci aqui. (isso é hora de esticar conversa).
- Ah é...tenho amigos de lá. (deve ser por causa da Friends).
- Legal.
- O que você faz lá?
- Eu faço faculdade.
-Ah é, cursa o quê?
- Letras (resposta errada, muito errada, aliás alguém já percebeu o que estava acontecendo, ou só o mané que estava sentado ao lado do homem misterioso que não percebia o óbvio).
- Nossa...(mas foi um grito estridente, lembrou algumas amigas minhas)...tenho uns amigos meus que fazem Letras aqui em São Paulo (e daí, eu moro em Londrina).
- Hum...(depois de tanta conversa comecei a perceber que tinha algo estranho no ar, e no cara também, ele estava chegando muito perto para conversar).
- Sim, eles estão no último ano.
- Eu também. (Juro que tal resposta foi instintiva, eu sempre fico feliz em falar para as pessoas que estou no último ano, esses dias eu falei para um mendigo).
- Nossa...que coincidência (sorrisinho maroto por parte do homem), (desespero por minha parte) , (sorriso malvado da mulher sentada à nossa frente).
- O que você está lendo? , continua o homem misterioso. (para mim, para os outros ele não tinha nenhum segredo).
- Trinta anos de mim mesmo do Millôr Fernandes (aliás recomendo).
- É seu?
- Não, de uma amiga (ah...bicho burro, porque não falou namorada, inventa caramba, não percebeu o que o cara tá querendo).
- Ah...de uma amiga (sorriso maroto), namorada? (sorriso marotíssimo).
- Não só amiga mesmo (nessa hora percebi que a verdade sai fácil de mim, mesmo em um momento crítico).
- Hum...Ai! (o mesmo ai de alguns parágrafos acima) tenho que descer aqui. (uai o cara no início da conversa não sabia nem onde estava).
- Ah legal ... prazer em conhecer (educação foi a mamãe que deu né, porque não se despede como homem tipo assim: Falou irmão,truta forte, a gente se vê nas quebrada da vida).
- Aliás não perguntei seu nome. (o homem misterioso, agora se mostrava sem segredos).
- Xapadão.
- Hum...bonito nome...(tá bom, tão comum)... já disseram que você é um gatinho (além de tudo cego).
Sorriso da minha parte (da onde surgiu aquele sorriso, ele não foi maroto, foi de vergonha pois a mulher na frente ouviu aquele gatinho, e toda a conversa também).
- Obrigado, digo eu já com vontade de sair correndo.
- Olha...fica com esse folhetinho (ele pega uma caneta e anota algo no verso), atrás tem meu telefone tá gatinho.Tchau. E foi um prazer te conhecer.
Nesse momento eu estava suando mais que uma pessoa perdida no deserto do Saará (nossa). Olho para os lados, vejo que todo o vagão estava me olhando, a mulher à minha frente já tinha até abaixado a cabeça para rir baixinho.
Nesse momento pego o papel e amasso para jogá-lo na linha de trem ,mas, vem um pensamento, o que a natureza tem a ver com isso (eu pensei isso, a mulher que me olhava pensou outra coisa, algo como: A bicha se arrependeu).
Aí veio a questão, o papel, o que faço com ele, jogar na linha de trem, sempre foi contra meus princípios maltratar a natureza, mas se eu o guardasse todos iam confirmar algo que não sou.
Ser ou não ser, eis a questão! (Shakespeare apareceu naquele momento).
Jogar ou não jogar o papel, eis a questão! - penso.
Resolvi não jogá-lo (então tá com ele até agora).
Não, joguei logo que desci na estação (tá bom).
Moral da história : Se der moral, você pode levar pau
(no bom sentido, se houver algum)
(no bom sentido, se houver algum)